Este desdobrável que anunciava uma exposição dos trabalhos escolares tem 40 anos e chegou a este Blog com a simpática colaboração da Isabel Caetano.
Fazendo um pouco de história, vale a pena ler este texto que o Jaime Neves, encontrou no Jornal “O Progresso” de 1947.
Quando menos esperamos, encontramos “histórias” que desconhecemos, mas que fazem parte de uma instituição a que tivemos ligados como alunos.
No jornal caldense «O PROGRESSO», propriedade do Dr. Leonel Sotto-Mayor e, direcção do Dr. João Vieira Pereira, na edição do dia 15 de Maio de 1947, é publicado um texto da autoria de D. Ramos (?), que conta a história da «Escola Industrial e Comercial Rafael Bordalo Pinheiro», que aproveito para resumir:
«... Por despacho de Emílio Navarro, datado de 1884, é criada na então Vila das Caldas da Rainha a “Escola de Desenho Industrial Rainha Dona Leonor”, com o fim de cooperar no desenvolvimento da indústria típica e tradicional da nossa terra, a cerâmica. Esta escola foi instalada nos baixos dos Paços do Concelho (no rés do chão da antiga Câmara) e foi frequentada por 64 alunos.
Por sugestão de Rafael Bordalo Pinheiro, em 1888, esta Escola é dotada de uma aula de química, provida de um dos melhores laboratórios do País, sendo a sua regência entregue ao Professor Von Bonhorst. No ano seguinte o próprio Bordalo Pinheiro rege a aula de pintor vidreiro, que veio a revolucionar a cerâmica caldense.
A reforma do Ensino Técnico de 1818, transforma a Escola de Desenho Industrial, em “Escola de Artes e Ofícios” que se mantém até 1924, data em que se faz a fusão com a “Escola Comercial” que existia desde 1919 e tivera como Directores, o Padre Oliveira Hasse até ao seu falecimento em 1921 e o Professor Moniz Barreto de 1921 a 1924.
Desta fusão surge a “Escola Industrial e Comercial Rafael Bordalo Pinheiro”. A sua população escolar, como descreve o seu autor: ... Distribui-se por três cursos: o de “Modelador Cerâmico”, o de “Costura e Bordados” e o “Comercial”, o primeiro para o sexo masculino, o segundo para o feminino e o último para ambos os sexos, tendo a sua frequência aumentado consideravelmente nos últimos dez anos, acentuadamente no “Curso Comercial”.
Pelas cadeiras do professorado, desfilaram além do Rafael Bordado Pinheiro e Von Bonhorst, Eduardo Gonçalves Neves, Cunha Ferraz, Mestre Francisco Elias, José Fuller, Eduardo Mafra Elias, etc..
Entre os alunos que se revelaram artistas e se notabilizaram nas artes, os escultores João Fragoso, António Duarte, Alexandre Angélico, Vasco da Conceição, o aguarelista António Vitorino, Manuel Rainho, técnicos como Avelino Soares Belo, José Carlos dos Santos, Eduardo Lopes e outros, cujas obras já enriquecem museus.
Desde a fundação, foi confiada a Direcção da “Escola Industrial e Comercial Rafael Bordalo Pinheiro” a: Eduardo Gonçalves Neves, Cunha Ferraz, Agostinho de Sousa, Morais do Vale e ao Dr. Leonel Sotto-Mayor».
Comentários:
Somos "rebentos" de uma Escola com História...
Muitos destes "rebentos"...deram "lindas flores" e vingaram "saborosos frutos"...
É certo que alguns de nós, não "chegámos a ser" talvez... esses frutos...
Mas de qualquer maneira...somos (na maior parte...) "rebentos" que acabaram por "dar folhas"...que deram e "dão sombra protectora" em muitos lados e circunstancias...
Muito me honra ter sido aluno desta Escola...!!!
Maximino............13-06-2007
Desculpem-me lá, não pretendo monopolizar este espaço (mas eu também não tenho culpa que muitos mais não o usem, não é...?)..
Mas é para contar uma situação que hoje à tarde se passou comigo em Óbidos...
Vinha a sair a Porta da Vila, caminhando distraídamente com os meus botões... e de repente ouvi um chamamento, quase num sussurro: "Olá Maximino..."
Olhei e vi ali sentada num banco do muro, uma antiga Professora de muitos de nós...
A Dra Alice Freitas...Há muitos anos que uma amizade criada na nossa Escola nos liga, tendo sido também amigo do seu marido que desde os meus 16/17 anos, quando nos conhecemos, me chamava com muita amizade:"O governador civil de Óbidos..."
...Pois fui até junto da Dra Alice, a quem dei um carinhoso beijo...e falámos ali em tão pouco tempo...de tantas coisas passadas...E claro, como não poderia deixar deacontecer: falámos também da nossa Escola...Espera para ser operada ao coração, os anos "já vão pesando", como a qualquer um de nós...Desejo-lhe uma óptima intervenção cirúrgica...e que nos possamos continuar a ver de quando em vez...ainda por mais uns anos...
Maximino...........13-06-2007
Foi bom ler o comentário anterior do Maximino sobre a prof. Alice Freitas, que nos ensinou as bases da nossa actual lingua de trabalho e que, para mim na altura, era sobretudo, a mãe do Pedro (maravilha de colega que não vejo há muitos anos). Como no ensino dos anos 60 nem tudo eram rosas, da minha professora de francês, 40 e alguns anos depois, guardo um sabor um pouco amargo, fruto de uma frase que me foi dirigida, e que hoje considero apenas uma falta de bases pedagógicas. É claro que a ferida cicatrizou, mas a mazela ficou. Na altura o miúdo aldeão que era eu, ouviu e calou, hoje os meus filhos não teriam aceitado a «remark». Ao saber pelo Maximino que vai ser operada, desejo-lhe um rápido e pleno restabelecimento.
J. L. Reboleira Alexandre ........14-06-2007
Uma escola com história. Uma escola que tem formado tanta gente ao longo dos anos. Uma escola que neste momento está a perder identidade. A nossa velha escola comercial daqui a pouco tempo não mais formará pessoas na área da adminisdtração. O curso Tecnológico de Administração está em vias de extinção (apenas uma turma do 12º ano funcionará no próximo ano lectivo no curso diurno e uma turma do 11º e outra do 12º ano no curso nocturno). Entretanto vão fazer parte da oferta de escola do próximo ano os mesmos cursos profissionais de Comércio e de Secretariado nos quais no ano lectivo passado não houve número suficiente de inscrições e que por isso não funcionaram. Este ano irá provavelmente acontecer o mesmo, porque os alunos e os pais não simpatizam com esse tipo de cursos. É que frequentar o colégio dá muito mais prestígio. Resultado: a breve prazo não sei o que vai acontecer à nossa velha escola comercial, talvez se transforme num centro comercial para irmos passear com os nossos netos.
Anónimo........14-06-2007
Uma nota: a Drª.Alice Freitas, que me ensinou a fazer retratos literários e a reduzir textos de uma página a umas vulgares seis ou sete linhas - o que me foi muito útil no exercício da minha profissão uma vez que os textos oficiais devem ser redigidos numa linguagem clara, precisa e concisa - era,mais precisamente, a Drª. Alice Carvalho.
Higino.......06-01-2008
enquanto procurava informações sobre o meu avô, o escultor e ceramista Alberto Vale, encontrei por acaso este blogue e foi com uma certa pena que não vejo o seu nome aqui mencionado, dado que foi um dos directores dessa escola e que muito contribuiu como professor,para formar grandes artistas, (finais dos anos trinta até 1945) deixo aqui o meu endereço, caso queira responder,
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