quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dra. Maria Xavier

Foi no dia 1 de Outubro de 1954 que iniciei a minha carreira de aluno da Escola Industrial e Comercial das Caldas da Rainha. Era minha professora de Português uma senhora, de seu nome Maria de Xavier Loureiro, que gostava que os seus alunos, em vez da a tratarem por "Setora", a tratassem por Sra. D. Maria. A senhora adorava poesia e, por essa razão, impunha exercícios poéticos a todos os alunos com alguma frequência. Nesse tempo e porque o ano lectivo no ensino secundário se iníciava a 1 de Outubroio a Sra. D. Maria, para se aperceber da qualidade dos seus novos alunos (presumo eu), mandou fazer uma poesia alusiva ao primeiro dia de aulas. Porque hoje é dia 1 de Outubro, aqui vai o poema que fiz na altura e que contribuiu para que, durante o tempo em que fui aluno da Dra. Maria de Xavier, ter sido um dos seus discípulos preferidos embora a alguma distância do Noronha Leal e do Leal Pinto (que é feito dele?): Dia primeiro de Outubro Um dia que se esvaíu Ou talvez, a grata recordação De um dia que já partiu Nesse dia sem igual Ao raiar da manhãzinha O estudante aplicado Corre p'ra a escola apressado Como uma leve andorinha Um sonho leva na mente Que o faz sorrir ao pensar: - Como será a escola? Também lá posso brincar? - Certamente e porque não? A escola é o coração De todos - um querubim! O preciso é trabalhar Para podermos mostrar Quanto valemos, em fim! Um abraço Sanches Comentários: Evocar o início das aulas equivale a ter, por uns instantes, a ilusão de que somos meninos de 11, 12 anos, que estamos vestidos de calções e de coração apertado... Evocar também o nome da D. Maria Xavier, para além duma prova de carinho, é para mim, ainda, ocasião de relembrar o quanto, nesse tempo, significava, na Escola, a Língua Pátria que ela ensinava. É bom, amigo Sanches, voltar a ser, nem que seja só por uns instantes, menino de calções, de coração ansioso, livros novos, lápis afiados e borracha nova ... Um abraço do Noronha P.S. - O Zé Leal Pinto, que encontrei há uns tempos atrás - e que, com a minha mulher, visitei na sua casa de Tornada - foi, durante largos anos, elemento de vulto no campo cultural, na Cãmara Municipal do Porto. Faz um tempo que o não vejo e gostaria muito de voltar a vê-lo. Eram dele - que os herdara do Pai - os livrinhos do Capitão Morgan que li, deliciado. Não tinham ilustrações mas eram interessantíssimos. Gráficamente, pareciam o Borda d'Água... Noronha.............02-10-2009 "...que gostava que os seus alunos, em vez da a tratarem por "Setora", a tratassem por Sra. D. Maria..." Então meu amigo Sanches...desfaz-me lá uma dúvida...: Sou eu que estou esquecido ...ou tu já estás influenciado pelos tempos modernos...? "Setora"...?? Naquele tempo...??? Um abraço do Maximino.........02-10-2009 Que emoção senti hoje ao consultar o blog e deparar com esta homenagem justíssima à Drª Maria Xavier! Além de sua aluna, em Português e Francês, fui igualmente sua explicanda, em sua casa, ali para o Bairro da Ponte! Foi ela que me preparou maravilhosamente em Latim , a fim de me submeter ao exame do antigo 7º Ano do Liceu. Como recordo ainda hoje os seus preciosos ensinamentos nas aulas que nos ministrava, sobretudo na disciplina de Português e que tão úteis me têm sido ao longo da vida para bem escrever a nossa Língua!Já casada, estive na "tropa" em Moçambique e trocámos sempre correspondência. Ainda tive aoportunidade de lhe dar a conhecer o meu primeiro filho, numa tarde em que a visitei e em que estava acompanhada pela Drª Matilde Rosa Araújo, sua grande amiga.Nunca me esqueci que fazia anos no dia 1 de Abril, dia das mentiras! Por tudo o que nos transmitiu e pela sua amizade, Drª Maria Xavier,OBRIGADA! Fátima valente.........03-10-2009

1 comentário:

José Rebelo Comércio 1960 disse...

Também foi minha professora de Português durante 5 anos Quando acontecia algo como uma visita ao Museu Malhoa com um quadro diferente como "As Bruxas" , quando começava um novo ano escolar
ou quando queria que eu falasse dos professores incluindo dela lá vinha a "ordem". Neste último caso autorizou-me mesmo a chamar-lhe "velhota" Claro que fiz de imediato mostrei-o ao Colega de carteira José António Santos Barros que morava na Rua do Cais vendo que eu me negava a mostrá-lo pegou no papel e ela própria o leu em voz alta. Tudo isto em redondilha maior Ainda ontem fiz quadras ao meu neto pelo seus 18 anos e ele e a minha neta de 21 anos acharam-nas " o máximo"