quinta-feira, 4 de março de 2010

O Sr. Eng.º Piriquito

O Sr. Eng.º Piriquito... Era, foi e apesar de já não se encontrar entre nós como ser vivo, está e estará sempre presente nas nossas recordações. Calmo e sempre presente nas aulas, embora quando resolvia satisfazer as dúvidas particulares de um ou outro aluno, se dedica-se em exclusivo a essa tarefa e parecesse ausentar-se da sala de aulas. O nosso respeito pelo senhor era a tal ponto que tocava quase a veneração. Vejam... Em determinado ano dos 60's tínhamos, salvo erro, um dia por semana, uma aula com ele que começava ás 8h30m o que nos obrigava a "apanhar" a automotora das 6h10m na estação de S. Martinho e que chegaria ás Caldas por volta das 7h00m, tanto tempo?!!! perguntam e exclamam vocês, pois era... é que nesse tempo o comboio parava nos apeadeiros e estação, Salir do Porto, Bouro e Campo Serra. Ele por sua vez, apanhava a automotora no apeadeiro de Valado dos Frades, portanto bem mais cedo. Como éramos jovens, "sangue na guelra", rapazes e raparigas – eu, Moura, Carreira, Marufa, João Paulo, Guida, Luísa, Madalena e outros que já não recordo - iam para o largo frontal á estação de Caldas e aí nos entretínhamos a jogar ao ringue e é "macaca" deixando o tempo passar até pouco mais ou menos às 8h00m e só depois nos deslocava-mos para a escola. E isto por quê? Porque nesse dia o Eng.º Piriquito se metia na sala de espera da estação e aí “cochilava” e nós para que ele pudesse dormir e descansar um pouco vínhamos para a rua não o incomodando com barulho. Nos outros dias, sem a presença do Sr. Eng.º, ficávamos na sala de espera jogando às cartas… ora, ora, se calhar estavam a pensar que ficávamos na sala de espera a estudar?!!! “sonsinhos”... até abalarmos para a escola. Quando era chegada a hora de partir tínhamos sempre o cuidado de, com jeitinho e respeito, acordar-mos o Sr. e lá íamos em grupo para a escola acarretando por vezes, a sua pesada mala de cabedal. Por este relato quis dar-vos a conhecer uma das facetas, bem demonstrativa, do respeito que a personagem nos inspirava. Bem haja Sr. Eng.º Piriquito. De certo estará sentado á direita do Pai. Um abraço A. Justiça Comentários: Em relação ao Sr.Eng.º Piriquito, tenho presente o enorme mestre e professor que para mim sempre foi, e penso que para a generalidade dos seus alunos. Era de facto muito respeitado e muito preocupado em que os seus alunos soubessem o que ele estava ensinando. Era de tal modo respeitado que um dia a automotora chegou atrasada e a minha turma da qual eu era o chefe de turma (coisas do passado), entrou para a sala e esperou que ele chegasse para não perder uma aula no seu vencimento mensal, tendo ido á sua espera dois alunos para lhe ajudar a transportar a tal mala que o Justiça menciona e o encaminhar logo para a sala de aulas sem passar pela dos professores. Lembro-me das suas palavras á entrada da sala: "bom dia, então meninos hoje pregaram-me uma grande partida". -Que descanse em paz pois será sempre lembrado pelos melhores motivos por todos aqueles que tinham prazer em aprender. José Reboleira Louro.......04-03-2010 Muito interessante esta história ... Para mim que não fui aluno do sr. Engº Piriquito, para além do respeito em relação ao Mestre (coisa que agora parece não ser assim...), a história trouxe-me à memória um outro acontecimento... Relata feitos, passados num tempo vejam lá...em que "ainda havia" comboios e automotoras na Linha do Oeste...o que quer dizer que somos ums Região, onde em tempos o progresso até passou de carris... Como esses tempos estão tão distantes...!! Um abraço do Maximino..........05-03-2010 Quem não gostava do Eng. Periquito? Era amigo dos seus alunos! E nós como jovens fazíamos as nossas traquinices e maldades, aquele pobre homem no percurso entre Caldas e S. Martinho, numa viagem que na Automotora das 19 não levava mais de 15 minutos, passava pelas brasas e o Pescada, conseguia naquele curto tempo, abrir a mala copiar os pontos e depois era uma festa. Estou certo que ele sabia o que nós fazíamos, mas nunca nos acusou e soube sempre nos perdoar. Que esteja em paz. José Louro da Costa.......23-03-2010

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