domingo, 22 de junho de 2014

Escultor Alberto Morais do Valle

Nos anos trinta, quarenta, Alberto Morais do Valle, foi o Director da Escola Industrial e Comercial de Caldas da Rainha. Este magnífico escultor deixou uma obra vasta que pode ser apreciada em vários locais por onde passou.

Ontem Sábado, a convite da sua neta, Isabel do Valle, fui á Escola onde lhe foi prestada uma singela homenagem, com a apresentação de um livro que pretende ser uma viagem pela sua vida, curta, mas perpetuando a sua memória. Acompanhei de algum modo a feitura deste livro, por isso estou satisfeito que a Isabel tenha alcançado o seu sonho, com a sua publicação.    

Caldas da Rainha 1930/1945
Em 1930 a família constituída nessa altura por Lia com 3 anos de idade e Tatina
com menos de um mês, aluga uma casa na Rua da Cruz Nova, terceiro andar e muda-se  para as Caldas da Rainha.
Embora cidade de província, as Caldas era já desde o início do século, uma cidade de eleição e essa imagem de prestígio manteve-se no pós-guerra. Ali acolheram-se centenas de refugiados e espiões, gentes com usos e costumes liberais. A vida social e intelectual era intensa e também ela marca da por inúmeras tertúlias culturais mas ainda assim, o puritanismo, o espírito pouco aberto à modernidade e á mudança, não o impediram de implementar as suas ideias, que por demais avançadas para a época, foram bastante contestadas.
Fundamental, se não mesmo basilar, terá sido a marca indelével que a Casa Pia representou na sua vida, sobretudo, a académica. Essencialmente vocacionada para o acolhimento, educação, ensino e integração de crianças e jovens com carências sociais, toda a aprendizagem, incluía uma
diversidade de actividades lúdicas como o desporto, a Música, a Expressão Dramática, a par com a formação técnico profissional. Tudo leva a crer que terá sido lá que adquiriu e formou uma visão mais ampla e muito própria, não só do ensino mas sobretudo do papel que este representa na vida futura e real.
Assim, na Escola Comercial e Industrial Rafael Bordalo Pinheiro, ao acumular as funções de Professor e Director, deixou em ambas, o seu cunho. Como director, introduziu novas disciplinas, Puericultura, Economia Doméstica, História de Arte, Bordados e Costura, criou um coro e uma equipa de ginástica cujo equipamento incluía escandalosamente, calças!
Também de sua iniciativa, a realização no final dos anos lectivos, de exposições colectivas dos trabalhos realizados pelos alunos, bem como uma récita, coisas que
naquela época foram pioneiras.
Pelo que já se leu até aqui, um homem que vivia tão à frente do seu tempo não poderia nunca ser um professor (de Desenho e Modelagem) formal. Os alunos chamavam-lhe carinhosamente \\ Pés de Chumbo" por causa do seu andar arrastado, contudo, ainda hoje, existe lembrança sobre as aulas que dava ao ar livre, especialmente aquelas em que encabeçando o pelotão de alunos ciclistas, os conduzia a locais cuja bucólica beleza era inspiradora.

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