terça-feira, 19 de maio de 2009

Estórias do Santo Antão

Confesso que sinto alguma frustração por não termos conseguido despertar o entusiasmo para que, além das fotografias, aparecessem estórias, em paralelo, a recordar-nos tempos idos.
Estou convicto que há por aí muito "escritor" envergonhado, que poderá enriquecer ainda mais o nosso Blog. Falta, apenas, começar ...
Três anos passados e para manter viva a esperança de não ser só eu a reviver episódios, aqui vai mais uma "historieta" (a que não assisti) e cujo diálogo não deverá corresponder "ipsis verbis", mas andará lá perto:
Dia de Santo Antão (17 de Janeiro, para os mais esquecidos).
A aula de História era a meio da tarde e o Dr. Bento Monteiro, apesar de avisado, por lá apareceu para registar, no livro de ponto, os números dos alunos faltosos, evitando a falta colectiva, que poderia ter conotações perigosas.
Ao contrário do que esperava, apareceu um jovem, compenetradíssimo do seu dever.
Quem foi aluno já está a imaginar o indicador direito do Professor apontado aos olhos e a pergunta:
- O "menino" não foi à festa?
- Não sô'tor, vim à aula.
- Grande novidade, está na sala, mas não há aula ...
- ????
- Desapareça ... vá estudar e volte no próximo dia, com os seus colegas.

Os números dos alunos faltosos não couberam no espaço a esse fim destinado e ocuparam o sítio do sumário da aula que não houve.
Vistas bem as coisas e consultados os registos, não esteve presente nenhum aluno.

Orlando Sousa Santos

Esta foto do Carlos Dias assenta que nem uma luva nesta estória que o Orlando Santos nos conta, respondendo ao apelo de uma maior participação no Blog.
A fotografia de 1967, foi tirada no Santo Antão e os intervenientes são Lourenço, Gil, Calisto, Ventura, Coutinho, Amilcar, Angelo, Orlando Silva e Cardeal.
Em baixo; Cabe, Dias, João e Purificação.

Jose Ventura

Comentário:

Caríssimos Orlando e Zé Ventura,
As imagens às vezes também precisam de algumas palavras para falarem com mais eloquência. Sempre que possível, comento as alheias, já que não mantive qualquer tipo de arquivo dos tempos da escola. Se tivesse um baú de recordações (que não tenho) estaria provavelmente vazio.
As memórias que guardo desses tempos pretéritos também não dão para contar uma história (prefiro a grafia clássica) com a mesma fluência que vocês os dois o têm feito em mais do que uma ocasião. Então fico à espera das vossas produções, para depois as poder explorar.
Que me lembre, só participei uma única vez na peregrinação do Santo Chouriço (O Santo Antão que é santo que me perdoe). Uma das etapas foi feita pela linha de comboio e a outra pela estrada nacional. Quem sabe se não terei sido um dos tais gazetistas que nesse ano não compareci às aula do Dr. BM.
Olhando para a fotografia, até sou capaz de reconhecer as figuras que então subiram ao monte sagrado para orar ao orago e de consumir um enchido de carne de porco assado em sua honra. Só não sei se nos dias de hoje reconheceria algum dos romeiros, caso nos voltássemos a cruzar nos atalhos desta vida.
Já agora, o Carlos Dias que ponha as personagens da foto a falar para instrução de todos nós. A alternativa é a de pôr os fotografados a falarem, mesmo sem o consentimento do fotógrafo-arquivista. De vez em quando lanço estes reptos, mas, devo confessar, sem grande sucesso. Depois disto tudo, talvez o recado atravesse o Atlântico Norte e desperte a atenção do nosso amigo comum ZL e o ponha também para aí a contar histórias (com ou sem agá), coisa que já não faz há muito tempo. É pena…

Artur R.Gonçalves........20-05-2009

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