sábado, 27 de fevereiro de 2010

Não te esqueças...é feminino

Situemo-nos: Ano 1960. Escola Velha. Sala no 1º. Andar. Primeiro ano do Ciclo Preparatório. Aula de Português. Correcção da 1ª. Prova Escrita. Professor Hermínio Maçãs. Voz do Professor. • Justiça ao quadro. Escreve a palavra feminino. Justiça no quadro. “Femenino” • Justiça, feminino escreve-se com “i”, percebeste? • Sim, Sr. Professor. • Então escreve a palavra até encheres o quadro. Após a escrita de dezenas de palavras, feminino. • Agora apaga e vai-te sentar. Poucos minutos antes da aula acabar. • Justiça, ao quadro. Escreve a frase “A menina é feminina”. Justiça no quadro. “A menina é femenina”. Não sei se ela veio da direita se veio da esquerda. A bofetada foi tamanha que por momentos tirou-me a verticalidade colocando-me ligeiramente obliquo. Depressa voltei a ficar na vertical, cabisbaixo, lágrimas a aflorarem os olhos ouvi de forma longínqua. • Percebes-te o porquê? Resposta pronta conjuntamente com um soluço. • Sim Sr. Professor. • Ora ainda bem. Passaram-se cerca de 50 anos e esta cena ficou gravada na memória. Não sei se alguma vez agradeci ao Sr. Professor Hermínio Maçãs a lição que naquela aula me ministrou, se não o fiz é sempre altura de dizer… Obrigado. E, obrigado, porque a partir daquele dia e até ao final dos meus estudos, onde não se incluem apenas os 5 anos do curso, nunca fiz uma prova oral de português, dispensei sempre a essa fase. Onde quer que esteja, Sr. Professor, valeu a pena o “chapadão”. Existem, como não podia deixar de ser, outros valores passados com outros Mestres sob os quais tive o privilégio de aprender. Ficarão para outras oportunidades os seus relatos. Um abraço A.Justiça Comentários: (No texto inicial estava escrito "percebes-te" em vez de percebeste) Tem cuidado, não venha ele pedir-te para conjugares o verbo "perceber"...:))) Anónimo........27-02-2010 Oh Justiça Digamos que sempre tiveste bom corpo para levar umas lapadas! José Louro da Costa.........27-02-2010 O "Anónimo" der ser de Olhão e jogar no Boavista. Um abraço A.Justiça..........28-02-2010 (Eu também li e não reparei, mas como o comentário tinha graça, aqui está ele. Pena ser Anónimo.) Zé Ventura Como vou estar daqui a pouco com o Dr. Hermínio Maçãs...vou ver se me lembro de lhe recordar essa...!!! Bom Domingo e um abraço do Maximino........28-02-2010 Ó amigo Justiça essa foi forte: Eu tive a sorte de não ter o Sr. Hermínio Maçãs como meu professor pois ele estava nos Açores a servir o Salazar e ainda bem, porque eu namorisquei uma das irmãs dele e se ele era assim tão delicado faço ideia o que me poderia fazer a mim. Não o tive a ele mas lembro-me de ter outra parecida com essa. Numa aula dada pela “Soutora” Deolinda Ribeiro mais conhecida por “Super Homem” talvez por causa das suas atitudes penso eu? Eu estava na conversa com o meu amigo Antonio Pancada que estava atrás de mim na fila da Cantina. Quando me volto para a frente está a Soutora a pregar-me uma tamanha bofetada que me ia atirando por a janela fora, também tinha lágrimas mas de zangado, por me ter apanhado distraído nem me deu tempo para respirar, eu assim como o Justiça já não aprendi a lição fiquei lhe com uma “ásque” que não a podia nem ver, ainda bem que o meu destino me meteu noutros caminhos porque de vez em quando estava no meio da molhada a ser ensinado á força da chapada. Foram tempos difíceis, concordo que nos fizeram mais atentos, mas francamente não eram maneiras de tratar os meninos da escola. Eu que até me considerava um rapazinho pacato e envergonhado como é que andava sempre a ser malhado, ora com as mãos ora com uma régua ou inclusivamente com a celebre vara de bambus, na Cabeça ou Orelhas, foi uma aprendizagem á força na realidade bem haja a todos que sobreviveram a tal regime de ensino. Um abraço para todos. Antonio Abilio………28-02-2010~ E o Dr. Herminio (como não foi ele que levou a lambada...)...não se recorda...!!! Abraço e continuação de bom Domingo... Maximino………..28-02-2010 Acabámos por não perceber se foi o Justiça que corrigiu o ZV, ou o inverso ? Todavia para o caso não interessa. O erro foi devido à leitura de alguns jornais do presente...Lembram-se quando se dizia que, para aprender português bastava, na altura, ler A Bola e muitos livros de Cowboys. Tivemos direito a mais uma lição sobre a qualidade pedagógica da nossa época. Boa, má, talvez, mas o facto é que o nosso amigo Justiça nunca mais esqueceu que era do feminino. Quanto ao Maximino pode estar descansado. A nossa memória faz automaticamente o «delete» das partes menos felizes, por isso estou certo que este episódio nunca existiu para o professor. Afinal todos nós, enquanto alunos, tivemos situações similares a esta. Apesar de bem guardadas, por vezes é difícil tirá-las cá para fora. As razões são múltiplas! J L Reboleira Alexandre…………28-02-2010 Esta é uma das boas coisas que o Blog tem. Maximino, o teu comentário, curto, preciso e conciso fez-me rir até ás lágrimas. Ainda tenho de os limpar para conseguir ver o ecrã e continuar a escrita. Não me digas que estavas à espera que o Professor Hermínio se lembrasse, passados 50 anos, do “chapadão”, - essa de chamares lambada! é favor, - que deu ao inocente e bem comportado anjinho, eu - aluno atento e exemplar, gaba-te cesto senão não vais ás vindimas – que ainda por cima foi bem aplicado pois mexeu com os neurónios, ou pelo menos com os miolos, que deveriam ter chocalhado dentro da caixa. Francamente! lambada??!!! Quanto ao Zé António, olha que tamanho não é qualidade… mas que era grande lá isso era… o quê? não sei. Zé Luís, pelo que hoje assistimos passámos do “8 ao 80”, da dureza de então para a liberdade de hoje, que já vai tocando as raias da libertinagem e má educação. Não sei bem qual o melhor sendo que, provavelmente, o ideal seria um meio-termo que já era altura de aparecer. Um abraço de amizade a todos A.Justiça........28-02-2010 Pronto e sendo assim...vou limpar a lambada...e promovê-la a chapada...pelo que o Justiça diz...foi justa e sendo assim, foi das pouca vezes que a Justiça foi justa...!!! Um abraço Maximino........01-03-2010 Ó amigo Justiça: Eu até lhe aceito a critica construtiva, mas quanto ao trocar-me o nome é que tenho mais dificuldade. Um abraço Antonio Abilio.......02-03-2010 Amigo António Abílio Li o seu comentário... desloquei-me ao meu comentário para tentar perceber onde tinha errado e... neste vai à frente, volta atrás, consegui descobrir. Eu não comentei o seu comentário porque não era comentário e sim uma estória sobre a "Super-homem" muito bem narrada. O Zé António refere o Louro da Costa, de seu nome completo, José António Louro da Costa, meu colega de escola desde a 1ª classe até ao final do curso da Bordalo Pinheiro, mesmo que ele tivesse, a certa altura, derivado para os electricistas e eu para os serralheiros. Éramos os 4 "da vida airada", Moura, eu, Beto e Zé António, todos companheiros desde a primária, e só o Zé é que saíu do esquema da ferrugem. A amizade fica reposta. Um abraço A.Justiça........02-03-2010 Amigo A.Justiça. As coisa são como são e os equivocos acontecem por vezes inocentemente. Assim como o amigo Justiça eu li e reli o seu tema e todos os comentários e o único que era maior era o meu, mas também concordo consigo que não é bem um comentário mas sim uma estória. Portanto eu pensei que naturalmente se estava a dirigir a mim e na brincadeira lhe enviei o pequeno aviso. Da minha parte sem qualquer ponta de melindre lhe quero pedir desculpa e agradeço a sua simpática maneira de responder. Tenho um imenso prazer em ler os seus comentários assim como de todos os outros colegas o qual me têem ajudado a desenvolver a minha leitura e estou a tentar na escrita e por isso um grande Obrigado. Um abraço. Antonio Abilio........04-03-2010 Amigo A. Justiça! Só hoje li o seu texto. Gostei, e acho que deve continuar a deliciar-nos recordando algumas peripécias de tempos passados. Quanto a um anónimo que fez um pequeno comentário no dia 27, não se trata da minha pessoa. De facto moro em Olhão, mas não sou de cá, e por uma questão de princípio e de educação, sempre me identifico. Um abraço. Fernando Santos Olhão 4-3-2010 Amigo Fernando Santos As coincidências são isso mesmo... coincidências... embora o filósofo diga que "não há coincidências" mas factos que por vezes coincidem. Essa de morar em Olhão já sabia, através do Blog e em outro comentário, mas fico mais descansado pois também sei que não é do Boavista logo não poderia ser o anónimo. Este trocadilho e... lá está... coincidência, fez-me rir... ele há cada coisa... Um abraço A.Justiça........05-03-2010

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