domingo, 30 de maio de 2010

Um dia de recordações

Do blog http://xxcomissaoeicl.blogspot.com/ fui "roubar" este poema, porque ilustra bem o que foi o 17º Encontro do Antigos Alunos da Escola.

Conversas num dia de recordações

Juntaram-se companheiros de outrora
Porque agora já ninguém cora
Das recordações do passado
Quantos se terão enamorado
A quantas listas pertenceram
Alguns quase adoeceram
Foram os amores não correspondidos
Havia uns mais destemidos
Outros muito encolhidos
Se viam o outro sexo aproximar
Punham-se logo a tremelicar

Passadas dezenas de anos
Muitos, com muitos desenganos
Por quem do coração sofreu
Porque também a dor conheceu
Tantos que alegres continuam
Tantos mais que com seus amores amuam
Lá vão contando as suas estórias
Guardadas no canto das memórias
Aqui nas mesas reunidos
Recordam momentos mais ou menos queridos

Aqui numa mesa ao lado
Onde o companheiro já esquinado
Diz prá companheira matrona
Lembras-te daquela louraça
Quando passava na praça
Todos lhe chamavam boazona?

Então e aquele já careca
Namora aquela boneca
Que tem os olhos azulados
Punha os rapazes empretigados
Foi das primeiras a usar calças
E vestidos com alças
Tinha a mania que era boa
E o namorado, deixou-a

Aquela calmeirona lá do fundo
Metia-se com todo o mundo
Só procurava os rapazes
Casou lá com um doutor
Parece que ainda foi pior
Não conseguiram fazer as pazes
Foi um para cada lado
Aquilo foi o caldo entornado

Ai meu Deus, quem está aqui à nossa direita
Ela estava sempre à espreita
Pela janela dos sanitários
Fazia piretes ordinários
Aos putos que jogavam à bola
Depois, dava logo à "sola"
Quando aparecia a empregada
Ralhava com quem espreitava

Olha ali aquele fulano
Se eu não me engano
Ainda foi da minha turma
Mudou para a escola nocturna
Era dos mais belos "borrachinhos"
Fazia-me cá uns olhinhos
Olhava prá minha "peitaça"
Ficava "derretida", sem graça

Noutra conversa animada
Alguém relembra a palmada
Que a Carlita deu ao Luis
Ficou a sangrar do nariz
Ainda foi lisonjeiro
Apalpou-lhe o belo traseiro
Foi "parar" ao Director
Mas agora também é doutor

Olha, aquela tipa está ali!
Nem sei a última vez que a vi
Coitada, nem mamas tinha
Andava sempre de gatinha
Quando fazia ginástica
Dizem que fez uma plástica
É pra ficar mais vistosa
Parece mesmo uma "mula" gulosa!

Afinal, aqueles sempre casaram
Os pais é que não deixaram
Que eles namorassem tão cedo
Dos contínuos tinham medo
Mas eles eram tão meiguinhos
Pareciam dois passarinhos
Estavam-se sempre a apalpar
Olhem, fartaram-se de gozar

Aqueles dois, eram uns malcriados
Com cabelos abrilhantados
Eram cá uns gozões
Mal entravamos nos portões
Começavam logo a provocar
Queriam todas namorar
Cambada de galdérios
Muito pouco tinham de sérios

Aquela alí, era da Formação Feminina
Ainda era menina
Queria ser cozinheira
Ou habilidosa bordadeira
Era a professora D. Manuela
Que se punha atrás dela
Se ela queimasse o refogado
Tinha logo o caldo entornado

Nós do Comércio, éramos da "fina flor"
Está aqui muito doutor
Pela escola se terá formado
Está ali um que é o diabo
Quase não liga a ninguém
Ele nem sequer cá vem
às vezes ainda para mim sorri
Eu, faço de conta que nunca o vi

E os cursos industriais
Aprenderam profissões vitais
Pró desenvolvimento da Nação
Andavam de fato de macaco
Feito de pano barato
Tapando o coração
Quando olhavam para aquela janela
Saía logo uma assobiadela

Então e os nossos contínuos
Tinham uma farda de finos
Mal se riam prá a gente
Nunca mostravam o dente
Traziam-nos aperreados
Subíamos as escadas separados
Não fosse o diabo tecê-las
Raparigas com rapazes, nem vê-las

E os nossos S'tores
Tinham que ser cumpridores
Deles, queríamos notas altas
E que dessem muitas faltas
Nunca havia tempo prá brincadeira
Era o Doutor Malheiro do Vale
Pondo ordem no maralhal
Quando espreitavam junto á soleira

Estão aqui, muitos amigos reunidos
Já todos muito crescidos
Arquitectos, engenheiros, doutores
Quiçá, professores e alguns senhores priores
Comerciantes e industriais
E outros com profissões desiguais
Alguns sem dentes nem cabelo
De muletas e branco pêlo
Gente menos má e gente boa
Uns menos ricos e outros ganhando à toa

Pressinto que não estarão aqui pessoas más
Contribuindo para que este mundo seja de Paz.

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