sexta-feira, 10 de junho de 2011

Rapazes de 49

O Blog lá vai cativando leitores de várias gerações que vão dando a sua participação.
Desta vez temos um pequeno texto do José Almeida Santos que ilustro com uma fotografia do Valentino Subtil.

Gosto de acompanhar o Blog porque me traz de volta às recordações que me rejuvenescem.
Gosto de seguir a troca de lembranças entre situações passadas de tanto valor sentimental.
Evidentemente que eu sou doutra "leva" da Escola. Terminei o meu curso em 1949 e dessa época pouca gente se vê no blog.
Será que já esta tudo a jogar cartas com o S. Pedro?
Velhos de alma jovem digam alguma coisa, porque também é importante dizer às gerações mais novas como era a Escola do nosso tempo, e como eram diferentes as coisas nos anos Quarenta, Cinquenta.


Os “meninos” e “meninas” não se juntavam nem havia entre eles a intimidade que eu vejo nos actuais relatos.
As próprias turmas eram turmas masculinas e femininas e, como no meu caso, acabávamos o curso sem nunca falar com alguém do sexo oposto. Até mesmo no intervalo das aulas não nos juntávamos. Rapazes vinham para a rua e as raparigas iam para uma sala de recreio.    
Quanto a professores eram excelentes. Lembro de todos com muita saudade: o professor de português (o português vernáculo como ele dizia),   o Manuel Jose António (o Ti Toino que gostava de parar naquela tasca a seguir ao Posto da GNR  antes do portão que dava acesso à Escola, para meter um bagacito), o capitão Dário bastante competente e pouco complacente.
Um dia o capitão Dário deu-nos, para resolver em casa, um problema de geometria que consistia em achar a hipotenusa dum triângulo para cujos catetos nos deu os valores (teorema de Pitágoras). Escusado será dizer que, na altura, eu sabia tanto daquilo como de um lagar de azeite.
Mas surpresa das surpresas, na próxima aula fui o único a apresentar o resultado certo.
O capitão Dário chamou-me ao quadro para eu dizer aquela “maltinha” da minha turma como se resolvia o problema.
Então,  eu a tremer que nem varas verdes, expliquei que, com uma régua desenhei um dos lados com o comprimento por ele indicado e depois, do mesmo modo, o outro lado. Acabado isto só me restou assentar a régua entre os terminais dos dois lados e achar a "famosa"hipotenusa e levar uma arrochada pelas costas abaixo que nunca mais me saiu da recordação. E ainda hoje me lembro perfeitamente que o quadrado da hipotenusa e igual a soma dos quadrados dos catetos.


Infelizmente, hoje, os professores não podem tocar nos alunos.
Bons tempos,
Um grande abraço do


Jose Almeida Santos


Comentários:

Ao Sr.Jose Almeida Santos gostava de agradecer por nos ter dado este belo relato dos seus tempos.

Assim como é evidente que está e mantem-se actualizado com os novos e modernos metodos de comunicação, o qual na minha opinião, merece publicamente de ser congratulado, pois que o Sr. José Almeida Santos finalizou o seu curso antes de mim e de muitos dos colegas que participam neste Blog, terem nascido.
BenHaja!
E dê continuidade á sua juventude e participação no Blog de todos os ex alunos da nossa Escola.

Um forte abraço para todos.
Antonio Abilio .........................10-06-2011

Amigo José Almeida Santos!
Se costuma acompanhar o Blog, já deve ter constatado que a "malta" do nosso tempo (digo do nosso tempo porque sou de 1933), ainda não está toda a jogar as cartas com o S. Pedro. Felicito-o por nos vir fazer companhia, pois o Blog bem necessita de contadores de histórias.
Eu bem tento incentivar o pessoal a vir por aqui, mas tem sido difícil.
Agora, com a sua presença, pode ser que mais alguém da nossa geração perca a "vergonha" e apareça, recordando não só peripécias da Escola, mas também como eram os Verões dos anos 40/50 no nosso maravilhoso Parque, onde rapazes e raparigas algumas vezes iniciaram os seus namoricos, não só no "Picadeiro", como em grandes combates nos barcos do Lago, onde com os remos atirávamos água uns aos outros, para ver quem sairia de lá mais encharcado!
Bons tempos...
Para o Almeida Santos, que gostaria de conhecer, vai um grande abraço, e outro para todos os jovens e não só, que vão dando vida a este espaço, onde tantos de nós se têm reencontrado.

Olhão 10-06-2011
Fernando Santos.

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