sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Quem é Quem ou memórias do Victor Pessa

Nos tempos que vão correndo, é por demais evidente, que as instituições e até mesmo nós próprios, vão perdendo alguns (bons) hábitos ou tradições, que hoje fazem as delícias de quem as recorda.

Trata-se naturalmente das recordações de tempos idos e que queremos recordar com satisfação. Por vezes temos alguma dificuldade em saber quem é quem, mas temos sempre, para nos ajudar, os nossos amigos e companheiros de vida, aqueles que sobreviveram às intempéries da vida e que continuam do nosso lado. Esses são os nossos AMIGOS. Podemos passar tempos sem nos vermos ou falar mas sabemos SEMPRE que eles estão lá.

Toda esta conversa, para dizer o seguinte, acabei de publicar no FaceBook esta fotografia, que hoje partilho com todos vós, porque sei que alguns mais preguiçosos, em escrever, não virão aqui a este espaço, vão certamente dizer GOSTO ou nem por isso.

Quando entrei para a 1ª classe da Primária, por volta de 1956, já com 7 anos, porque não se podia entrar com 6, mal sabia eu que ia passar os melhores anos da minha vida, com uma turma de rapazes (não havia misturas), com os quais acabaria de conviver durante alguns anos.

Alguns ainda hoje fazem parte do meu grupo de amigos. Outros nem tanto, porque a vida dá muitas voltas e por vezes acabamos por perder o contacto, mas nem por isso os esquecemos.

Esta foto, tirada na Escola Primária do Bairro da Ponte, por volta de 1957, mostra a turma dos rapazes do professor Antero.

Muitas caras conhecidas, que vou deixar ao vosso cuidado a tarefa de as descobrirem. Perguntam vocês, mas a que propósito?

Certamente que ao analisarem melhor as carinhas dos meninos, vão encontrar alguns que posteriormente andaram na Escola Industrial e Comercial (a nossa

escola) e alguns no Liceu Ramalho Ortigão.

A fotografia de turma era obrigatória ser tirada, na época. Não tenho de memória o fotógrafo, mas sei que ele com a sua câmara "à lá minuta", lá ia fazendo os preparativos e compondo o cenário de modo a que a fotografia ficasse como deve ser. Tenho outras fotografias de turma que foram tiradas ao longo de toda a minha instrução primária, e posteriormente já na Escola Industrial e Comercial.

Ao contrário de hoje, julgo não haver um registo fotográfico das turmas, que vão passando pelas escolas, o que me deixa uma desilusão. Valores que se vão perdendo, neste País tão pobre em preservar as tradições.

Abraço a todos.
Victor Pessa

Comentários:

O Victor Pessa é um "rapaz" feliz porque ainda tem uma fotografia (ou talvez mais) para juntar às suas memórias, tirada com os seus colegas da Escola Primária acompanhados do professor Antero.
Também entrei para a primária só depois dos 7 pelo mesmo motivo do Victor, e lembro-me de ter sido a minha mãe que me levou e entregou à professora com esta recomendação: "se ele se portar mal, chegue-lhe nas orelhas e se for preciso lá em casa leva mais". Mal estava a D. Maria das Dores (era assim que se chamava), se fosse nos tempos que correm! Senhora dos seus quarenta e tantos anos, dona do seu nariz, e cara de Coronel de Cavalaria, não se coibia de, diariamente distribuir reguadas às dúzias que deixavam as palmas das mãos vermelhas a quem não soubesse a lição, e umas boas "ponteiradas" com uma comprida cana-da-índia, na cabeça de todo aquele que estivesse distraído na aula, ou, na pior das hipóteses mandar um ou outro para a janela com umas orelhas de burro enfiadas na cabeça.
Entrei para a escola em 1940 mas, ao contrário do que era habitual (não sei se era assim noutras escolas), desde a 1ª à 4ª classe tive sempre a mesma professora e as aulas mistas. A Hermínia, a Maria Emília, a Armanda, a Odete, a Zilda, a Arminda, a Lena, são alguns nomes que ainda guardo na memória.
Fotografias de escola é que nem da primária nem da secundária, e, dessas a la minute, só me recordo de algumas tiradas na romaria da Senhora da Rocha em Carnaxide onde na minha infância fui com os meus pais algumas vezes.
Amigo Victor, como podes ver, quem vem por aqui como eu, não se fica só por um "GOSTO". Nestas tuas memórias da primária não posso comentar QUEM É QUEM, mas por mim podes continuar porque estou em crer que além desta minha "lengalenga" outros AMIGOS aqui virão para que não fiques sentado à espera do GOSTO habitual do Facebook.
Um abraço para ti e para todos aqueles que tenham ou não, vergonha de aparecer neste local de encontro.

Fernando Santos........Olhão


Como eu gostava que tivesses razão. Infelizmente parece que cada vez mais, se gosta de não escrever.
O nosso amigo Justiça se fosse vivo certamente iria fazer jus às tuas palavras. Mas enfim, como se costuma dizer, mais valem poucos e bons do que muitos sem nada para dizer.
Isto claro é a minha opinião.
Na realidade quando enviei esta foto ao Zé Ventura foi com a única intenção de que alguém, que por aqui ande se reconhecesse na mesma, mas parece que não é assim. Quase que posso afirmar sem qualquer receio que aquela turma da 2ª classe do professor Antero por volta de 1957, foi certamente a turma mais representativa da rapaziada de então.
Senão vejamos, e vou citar alietóriamente alguns dos 42 elementos que fazem parte da mesma:
O Nobre (do talho), Queiróz (fotógrafo), Louro (fábrica das camisas), Alcino, João "Torto", Caldeira", Vitor Alberto, Venda, Branco, Glória, António Vidigal, António Pedro, Adelino Leitão, Chaves, Tavares, Cardoso (falecido), Marco Liebermann (médico) e Eu claro. Por acaso não estava com a bata branca, porque como só tinha uma, certamente estava para lavar.
Existem alguns de quem não me recordo o nome, apesar de ainda hoje os encontrar por vezes nas Caldas.
Quase todos os elementos citados, vieram anos mais tarde a fazer parte da Escola Industrial e Comercial de Caldas da Rainha. Claro que alguns foram para o Colégio na altura Externato Ramalho Ortigão.
Uma análise mais detalhada à fotografia deixa ver claramente que apesar de haverem alguns elementos mais desfavorecidos, nomeadamente em calçado (os tempos eram difíceis), a franca camaradagem que existia, não nos deixava ver esses pormenores, nem ninguém ligava muito ao facto, ao contrário de hoje onde a cachupada sabe dizer de cor a marca da roupa e afins.
Realmente a vida era madrásta para muitos. Alguns vindos de longe, traziam na sua sacola um único pedaço de pão para "adormecer" o estômago, durante todo o dia. Recordo que cheguei a partilhar a minha merenda com alguns.
Foi exactamente nesta turma, que o João "Torto" (era filho do polícia), num dos muitos jogos que fazíamos no recreio, veio a partir uma perna, que tempos mais tarde veio a partir novamente pela mesma razão. Infelizmente a perna nunca mais ficou como era e daí a miudagem lhe ter começado a chamar João "Torto".
Enfim memórias de um passado... muito feliz.


Victor Pessa................30-01-2012

Que linda recordação Victor, com tantas carinhas conhecidas, embora alguma os nomes já não me consigo recordar, a mente já não dá para mais, porém olho para elas e reconheço as quase todas, aqueles que tu mencionaste (no Facebook) eu reconheci a todos, mesmo sem tu ajudares, no entanto não frequentei essa escola do Bairro da Ponte, mas com alguém já disse noutro comentário que as Caldas nessa altura era uma Aldeia grande onde nós nos conheciamos a todos. Eram outros tempos, outras mentalidades, e tudo o tempo levou! Grandes amizades foram feitas nesse tempo, entre ricos e pobres, uns calçados e outros não, mas não havia cag... Peneiras, todos sabiam os seus limites e os seus lugares, e vivia-se em muita harmonia eramos simplesmente amigos.
A maioria desses teus colegas andaram na nossa escola, que eu recordo-me deles lá também, ai depois já se nos misturavamos mais, era onde se juntava a malta de todos os lados perto das Caldas, e se faziamos uns rapazes e senhorinhas para a vida laboral,ou continuar para cursos superiores.
Gostei dessa foto Victor fez-me voltar ao tempo do pé descalço e da simplicidade de todos nós.
Aquele abraço.

Antonio Abilio................04-02-2012

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