quarta-feira, 1 de agosto de 2012

As férias do Faustino do Rosário

Olá amigos(as)
Vou tentar dar o meu contributo ao tema que a Fatima Valente sugeriu aqui no blog.
Este assunto tem a particularidade de... se não se relaciona com a nossa escola, foi vivido por alunos que a frequentaram.
Eu já tenho 2 histórias publicadas no "Cantinho do Faustino" cujo link está neste blog, e podem acreditar que mesmo se elas são descritas de uma maneira cómica, são autenticas.
A Fatima Valente fala sobre as férias passadas em São Martinho do Porto.
No meu caso pessoal, não posso falar em férias, mas sim em épocas balneárias
Eu não sou muito velho, nasci em 1946, mas quando comparo esses tempos de praia com os dias de hoje, dá-me a nítida impressão que estamos a séculos de distancia.
Por exemplo, segundo a minha teoria da época, havia duas classes distintas de frequentadores:
Os "abastados" e os "tesos"
Os "abastados" iam para S. Martinho com as famílias e o pessoal de apoio, que eram as criadas.
Podiam ser 3 ou mais, em que uma era a cozinheira (sopeira) as outras eram para tomarem contas dos filhos, a quem não era permitido tratar por "tu" Tinham que se dirigir ás crianças ou adolescentes com muito respeito chamando-lhes de menino ou menina tal.
Eram estas famílias "abastadas" que mais se viam a passear na rua dos "cafézes", embora o acesso fosse permitido a todos os veraneantes.
Os "tesos" faziam campismo num terreno pertencente à Junta da Freguesia, que ficava mais ou menos entre a estação do caminho de ferro, e a praia.
A única infra estrutura existente era um chafariz que felizmente tinha sempre água.
Para as necessidades naturais, cada qual "desenrascava-se" como podia.
A certa hora do dia, especialmente de manhã, era ver as pessoas a saírem das tendas, dirigindo-se para as mini-dunas adjacentes ao acampamento.
Nesse momento havia um cenário cómico... de um lado as tendas, mais à frente os "agachados" com o seus bocados de papel, muitas vezes folhas de jornal, para limparem os respectivos "assobios"
A maioria das tendas eram montadas no princípio da época balnear e ali ficavam o tempo todo.
Enquanto não havia férias, as pessoas iam apenas aos fins de semana, mas existia uma coisa muito importante que era o respeito pela propriedade alheia.
Aos Domingos à noite, fechavam-se as tendas, deixando no seu interior os materiais de apoio, normalmente cadeiras de praia, uma mesa, um fogareiro (alguns a petróleo) colchões de ar que serviam de cama, etc.
No fim de semana seguinte, quando se voltava, estava lá tudo, ninguém tocava em nada.
O meio de transporte mais utilizado era o comboio.
Lembro-me que a determinados horários havia o "comboio dos banhos"
Havia carruagens de primeira, segunda e terceira classe.
Como eu fazia parte dos "tesos" ía sempre em terceira classe, cujos bancos no interior eram de madeira sem um mínimo de conforto.
As máquinas eram a vapor, e devido ao calor, as janelas das carruagens, iam abertas.
O fumo do comboio, misturado com o jacto de vapor que saía da máquina, impregnava os passageiros de tal maneira que eram obrigados a tomar banho e a mudar de roupa.
Se calhar era por isso que se chamava o "comboio dos banhos"
Caros amigos(as), o texto já vai longo e não pretendo aborrecer ninguém com estas minhas lembranças, no entanto se me permitirem voltarei de novo para a continuação deste tema.
Até breve.
Um grande abraço
Faustino Rosario
Foto gentilmente "roubada" na internet

Comentário:

Vai ser curta a minha participação neste espaço, porque muito já foi dito sobre o assunto, no entanto e como o Faustino disse, também recordo que se faziam longas esperas ao famigerado comboio dos banhos, que regularmente parava em Caldas da Rainha com destino a S. Martinho do Porto.
Nesta amálgama de sentidos, recordo esse comboio com alguma nostalgia, pois para um miúdo na casa dos 10 anos, era uma aventura equiparada às que costumávamos ver nos livros "Condor" onde as histórias de Cowboys eram predominantes. Na realidade pouca diferença havia nesse comboio com o das histórias. Era sempre uma festa até chegar ao destino, S. Martinho do Porto.
Também recordo que por vezes fazíamos o trajecto desde o chafariz existente, em burros que nos transportavam até às dunas próximas do rio de Salir do Porto (daqui a comparação com oa cowboys) onde acampávamos durante o fim de semana. Nestas incursões alguns amigos fizeram parte destas aventuras, o António Abílio e o Fanoca eram na época aqueles que geralmente faziam parte do grupo. Outros haverá mas a memória já não suporta esse esforço.
Abraço amigo

Victor Pessa..............02-08-2012

Caro Faustino do Rosário.
Possívelmente passamos pela rua, ombro a ombro mas, sinceramente, só pelo nome não vou lá. Sou um pouco mais velhote, ou seja da colheita de 1938. Digo-lhe, adorei ler o seu comentário de férias. Ve-se no texto honestidade e sinceridade, nada a ver com alguns novos ricos que passaram por isso ou muito pior mas...esqueceram. Por terem atualmente uma vida razoável varreu-se-lhe da memória. Não devemos ter vergonha do passado


Mário Capinha...................02-08-2012

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