domingo, 10 de janeiro de 2010

As nossas artistas: Aida Sousa Dias

No mês passado dei conta de uma exposição da Esmeralda Duarte, hoje trago para o Blog o grupo escultórico ‘Linda a Pastora’, da autoria da escultora Aida Sousa Dias, uma colega que não falha aos nossos Encontros. Pois bem a “nossa menina” é a autora deste conjunto escultórico inaugurado numa rotunda de Linda-A-Pastora, que é composto por uma pastora acompanhada de ovelhas e de um carneiro, dispersos em seu redor. A pastora é em betão revestido a pedra e os animais são esculpidos em pedra maciça com os pés em bronze. Para a integração deste conjunto foi realizada uma modelação do terreno, onde a pastora assume uma posição de destaque, encontrando-se numa posição mais elevada e sobre um “monte rochoso”. Para a criação desta obra, a escultora inspirou-se na

Lenda do Romanceiro de Almeida Garrett. – Linda pastorinha, que fazeis aqui? – Procuro o meu gado que por aí perdi. – Tão gentil senhora a guardar o gado! – Senhor, já nascemos para esse fado. – Por estas montanhas em tão grande p’rigo! Diga me, ó menina, se quer vir comigo. – Um senhor tão guapo dar tão mau conselho Querer que se perca o gado alheio! – Não tenha esse medo que o gado se perca Por aqui passarmos uma hora de sesta. – Tal razão como essa eu não na ouvirei: Já dirão meus amos que de mais tardei, – Diga–lhe, menina, que se demorou Co’esta nuvem de água que tudo molhou. – Falarei verdade, que mentir não sei: À volta do gado eu me descuidei. – Pastorinha, escute, que oiço balar gado... – Serão as ovelhas que me têm faltado. – Eu lhas vou buscar já muito depressa, Mas que me espedace por essa chaneca. – Ai como vai grave de meias de seda! Olhe não as rompa por essa resteva. – Meias e sapatos, tudo romperei Só por lhe dar gosto, minha alma, meu bem. – Ei–lo aqui vem; é todo o meu gado. – Meu destino foi ser vosso criado. – Senhor, vá–se embora, não me dê mais pena, – Que há–de vir meu amo trazer–me a merenda. – Se vier seu amo, venha muito embora; Diremos, menina, que cheguei agora. – Senhor, vá–se, vá–se, não me dê tormento: Já não quero vê–lo nem por pensamento. – Pois adeus, ingrata da Linda–a–Pastora! Fica–te, eu me vou pela serra fora. – Venha cá, Senhor, torne atrás correndo... Que o amor é cego, já me está rendendo. Sentaram–se à sombra... tudo estava ardendo... Quando elas não querem, então ‘stão querendo. Linda a Pastora, in Romanceiro de Almeida Garrett Comentários: Quantas (os) artistas da nossa escola andarão por aí perdidos do rebanho, de que todos fazemos parte. Um muito obrigado à Aida Dias por partilhar connosco esta obra do Almeida Gerret (e o seu trabalho escultório, claro) que não conhecia.O carneiro da obra (seria ele o tal senhor «guapo» ?) com tantas ovelhas à volta, claro que só poderia perder a cabeça. Venham mais posts como este J.L.Reboleira Alexandre..........10-01-2010 Muitos parabéns á colega...!!! Maximino .........11-01-2010 Uma associação bem arquitectada entre a arte de contar histórias com palavras e com imagens. Artur R. Gonçalves........12-01-2010

Parabéns Aida! Nunca duvidei das tuas capacidades de utilização de material pesado, pois se bem me lembro andávamos as duas nas aulas do professor escultor Eduardo Loureiro, quando ele nos propôs um trabalho para concurso de uns rebuçados, salvo erro, de nome "Sol vida" e a tarefa era desenhar o papel de embrulhar os ditos. Foi a nível nacional e quando começámos a desenhar as primeiras linhas do nosso esboço tu viras-te para mim e dizes "é pá, isto é muito fraquinho e levezinho,o que achas?" Lá fizemos o esboço que foi aprovado pelo professor e enviámos a concurso, ganhando o 1º prémio. Resultado: andámos a comer rebuçados durante muito tempo e a distribuí-los pela turma toda. Já te contei este episódio num encontro, lembras-te Aida? Beijinhos para ti e para a Cecília.

Lurdes Peça ........19-01-2010

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