sábado, 26 de fevereiro de 2011

Mais “estórias” do Borlão

Olá amigos(as) Se me permitem gostava de deixar aqui algumas lembranças sobre o tema "Borlão" sugerido pela nossa amiga Isabel Alves que tenho o prazer de encontrar de vez em quando. Quando eu era rapazote morei nos prédios do Viola e por coincidência o apartamento ficava por baixo daquele onde morava a família Peça. Nessa altura o Peça Pai trabalhava na Secla. Só mais tarde trabalhámos juntos na Seol. O Peça como desenhador, eu como electricista. Os meus pais tinham uma pequena fazenda num local onde hoje se encontra o Supermercado Modelo. Existiam lá umas coelheiras onde eram criados animais para consumo próprio. A minha mãe mandava-me muitas vezes ir apanhar erva para os coelhos. O local que eu escolhia para apanhar erva era precisamente o "Borlão" porque junto com outra miudagem, aproveitávamos a ocasião para jogar o bola. O problema é que nessa altura a polícia andava sempre de olho nos miúdos proibindo de jogar a bola. Nós escolhíamos o terreno que ficava nas traseiras da igreja Nossa Senhora da Conceição porque sempre ficava mais escondido. Enquanto alguns jogavam a bola, um ficava de guarda na frente da igreja, para avisar os outros que vinha aí a polícia. O cenário era sempre o mesmo, quando a polícia aparecia de um lado da igreja, nós fugíamos pelo outro. Acontece que a polícia resolveu mudar de táctica. Para nos apanhar apareceram 2, um de cada lado. Mas nós também tínhamos tomado as nossas precauções. As aulas de catequese eram dadas na sacristia, portanto nós conhecíamos bem o interior da igreja. Quando um dos companheiros que estava de guarda dava sinal que vinha a “Bófia” para nos apanharem, entravamos pelas traseiras da igreja, e na sacristia misturávamos com outras pessoas que estavam em orações. O saco da erva servia para colocar debaixo dos joelhos quando fingia que rezava. De soslaio olhei para a entrada principal da igreja, e vi os 2 agentes tirarem o boné e entraram, mas não passaram da porta. Só depois de eles se irem embora é que nós fomos saindo também. A bola estava escondida dentro do saco da erva. Outra recordação que tenho do "Borlão" além das feiras de S.João e do 15 de Agosto foi de um teatro desmontável que esteve instalado no lado esquerdo da igreja, durante cerca de 6 meses. Foi aí que ganhei o gosto de ver teatro. Recordo com saudade a peça "O Conde Monte Cristo" magistralmente interpretada, apesar das condições rudimentares. Um grande abraço Faustino Rosário - Montreal - Canadá

Comentário: Teatro desmontável Rafael de Oliveira? Anónimo..........27-02-2011 A propósito da história da estória, há uns tempos atrás decidi consultar o Dicionário´da Academia das Ciências de Lisboa, e na realidade a palavra "estória" não aparece por lá, embora já a tenha visto noutros dicionários. Há quem aceite as duas grafias e outros discordam. Neste Blogue têm aparecido as duas formas e eu próprio já as utilizei. Todavia como o Faustino Rosário veio aqui contar mais uma "estória" do Borlão, resolvi procurar de novo, e no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa encontrei diversas interpretações. Acho que as duas formas estão correctas dependendo do contexto em que são utilizadas. Um abraço. Fernando Santos.......27-02-2011

Olá Faustino, estranhei ainda não ter visto as suas contribuições para o Blog do Zé, seja bem aparecido. A primeira vez que encontrei a palavra estória foi num email que o Faustino me enviou onde explicava que a palavra estória é uma história de carácter ficcional ou popular; conto, narração curta, história é o estudo do homem no tempo. Para todos os efeitos o importante são as estórias que aparecem para nos ajudar a lembrar o passado em especial para mim o tema do Borlão pois foi onde vivi. Quero mais uma vez agradecer ao Zé a brilhante ideia deste Blog. Para o Faustino um beijo e até quando me quizer voltar a visitar. Isabel Alves...........28-07-2011 Li com prazer esta crónica sobre o passado do Borlão, onde vivo desde 1962. Quanto a estória e História também no Blog do ERO adoptámos as duas grafias mas com significados diferentes (conforme alguns dicionários referem): Estória : Narrativa de lendas, contos tradicionais de ficção. História:Narração ordenada, escrita dos acontecimentos e actividades humanas ocorridas no passado. De notar que “estória” é a grafia antiga de “história” que, entretanto, caiu em desuso no português falado em Portugal mas não no Brasil. Os anglo-saxónicos fazem a mesma distinção, usando History (História) e story (estória). J.J................01-03-2011

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