domingo, 29 de maio de 2011

O Bairro da Ponte

Hoje também me apetece escrever, e venho aqui a esta tribuna defender o “Meu Bairro”. Então não é que esta gente só fala dos Prédios do Viola, do Borlão e Avenidas, (Gente fina é outra coisa).
É claro que estou a brincar, mas aproveito a oportunidade, para falar do “Meu Bairro”, o da Ponte, claro está.
Nos anos sessenta era uma zona essencialmente operária, era lá que moravam grande parte dos trabalhadores da cerâmica. A linha ferroviária marcou sempre uma fronteira entre a Cidade e o “Bairro além da ponte” e as ruas de terra batida era o espelho de uma zona mal amada.
Morei durante algum tempo na Rua Afonso Enes, ali mesmo junto ao Largo do Estragado, (hoje pomposamente chamado de Largo do Colégio Militar), foi nesse Largo que joguei à bola, à bilharda, ao peão, à “carne sem osso” e outras brincadeiras que nos tempos que correm seriam alvo de noticias da TVI que nos apelidaria no mínimo de delinquentes, se não vejam…
Foi por essa altura que achámos um maço de tabaco e claro fomos experimentar dar umas fumaças ali para os lados do Pinhal do Terrinhas, (onde hoje está o Cencal), o resultado não foi muito brilhante, além do ataque de tosse característico dos novos fumadores, ainda conseguimos uma pequena intervenção dos Bombeiros, o que nos valeu uma ida até à Policia. Nada que não se tenha sido resolvido com um par de tabefes aplicados pelos encarregados de educação de alguns dos intervenientes desta aventura, sim porque embora não seja politicamente correcto dizer, “ A porrada não dá juízo mas conserva o que tem”.
Mas do Bairro guardo boas recordações, as festas dos Santos Populares e outros bailaricos na sede velha de “Os Pimpões”, com a figura do Soeiro pronta para entrevir sempre que os pares “encostavam” um bocadinho a mais que a conta, sim porque como ele dizia “aqui é uma casa de bons costumes”.
O café do Diamantino (Café Bordalo), era dos poucos sítios onde havia televisão.
O Café do “Jaquim Leiteiro”, já apareceu muito mais tarde.
Poderia falar da Escola Primária com o Prof. Saraiva, e posteriormente das palmilhadas que fazia diariamente até à Escola Comercial, quase sempre na companhia da Ana Casimiro, da Celeste, do António Calisto, e raramente do Cabé que se atrasava sempre.
O bairro da Ponte tem um significado muito especial para mim, de tal forma que ainda hoje não dispenso o cafezinho depois do jantar, servido pelo Vitor ou Abilio no Café Creme onde aproveito para pôr a escrita em dia com o Orlando Santos.
A primeira fotografia que acompanha este texto faz parte do espólio dos Pimpões e reporta a uns Santos Populares, a segunda foto é uma imagem actual do mesmo Largo.

Zé Ventura


Comentários:

O Bairro da Ponte é uma "instituição" nesta Cidade. Lá nasci(na Rua Claudina Chamiço), lá fui um actor sofrível nos Pimpões, com o Mestre João Arroja(Pai), o Sr. Henrique Rebelo, Alda, etc bons tempos. No Largo lá estavam os Pimpões, O Escriva Alfaiate, O Sr. José Moreira Fernandes e Xico Coutinho, o António Saramago Pereira e tantos outros.
Um abraço

Fernando Xavier....................30-05-2011

Esta Foi boa Zé!
Porque não puxar a brasa á tua Sardinha.
Não posso dizer que lá morei porque não é verdade, mas ia lá frequentemente, visitar e brincar com amigos, assim como também íamos aos Pimpões assistir a peças de teatro onde o meu tio Fernando Garcia Tiago, cunhado do Sr. João Arroja (Pai) fazia de ponto para as personagens não se enganarem na actuação, ia também aos bailaricos onde aprendi a dançar embora envergonhadito mas lá consegui para depois passar a ir aos bailes de garagem.

Claro que o Bairro da Ponte é uma instituição da nossa cidade, como diz o Fernando, agora é preciso divulga-lo por mais colegas que têm de certo muito mais para relatar das suas boas recordações dos tempos de juventude passados no Bairro da Ponte.
Um abraço de quem não é do Bairro.

Antonio Abilio …………31-05-2011


O Bairro da Ponte ou Bairro Além da Ponte como a maioria dos habitantes lhe chamavam, também fez e ainda faz parte da minha vida. Foi lá que trabalhei, namorei, casei, vivi e vou de vez em quando matar saudades.
Pelo que me é dado perceber, nem o Zé Ventura nem o Fernando Xavier conheceram a Ponte tal como era antes do seu primeiro alargamento. A Rua da Ponte, (hoje rua Dr. Augusto Saudade e Silva) e o Largo da Mina (Largo Frederico Ferreira Pinto Basto) foram pavimentados com paralelepípedos em 1948/49, pois antes eram de terra batida ou simplesmente areia, como foi ainda muitos anos o Largo do Estragado.
Creio que o antigo Chafariz ficava encostado à empena da casa onde morava o alfaiate Zé Escriva. A água provinha duma Mina que nascia perto da antiga Central Eléctrica e vinha abastecer o chafariz. Daí, a rua que vem da Central até ao Largo, antigamente se chamar Rua da Mina.
O Diamantino, que tinha uma pequena barbearia ao lado da taberna, fechou aquela, e dos dois estabelecimentos nasceu (creio) o primeiro Café do Bairro da Ponte.
Além de "Os Pimpões" e dos locais e pessoas citadas pelo Zé Ventura e Fernando Xavier, lembro-me do Dr. Costa e Silva, do Manuel Preto da Torrefacção de café, da Olaria dos Alcanhões, do barbeiro João da Cunha, e, em frente a este, o José Saloio, figura de grande prestígio por, além de considerado o melhor electricista da região, era projeccionista de cinema no Pinheiro Chagas e ainda bombeiro voluntário.
Finalmente lembro a loja de artigos eléctricos do Vasco B. de Oliveira (mais tarde Café do Joaquim leiteiro) onde trabalhei cerca de quatro anos.

Olhão, 31 de Maio de 2011
Fernando Santos.


Gostei de ler este pequeno, mas bem escrito, comentário do Zé Ventura, sobre o "seu" bairro da ponte, pois embora eu seja oriundo do tão badalado bairro do viola, fui frequentador, pelos mais diversos motivos, do não menos famoso, bairro da ponte. Além dos muitos amigos que por lá moravam, fui aluno da escola do bairro da ponte, na minha 3ª e 4ª classe (hoje 3º e 4º ano), na mesma turma dos primos, Alexandre e Vitor Domingos, o 1º infelizmente já falecido e há muito tempo. Por lá também habitavam os manos Cabé e Zé-Tó, que partiram para o Congo e o Alberto, o António Calisto, o Chico Vital, embora este um pouco mais novo.
Um abraço para a rapaziada do bairro da ponte,

J. Carlos Abegão …………31-05-2011

O barbeiro tocava bandolim e nós (miúdos) ficávamos à porta a ouvir a música. Também havia a mercearia do "Coradinho", a cocheira do "Trinta" e outras coisas boas.

Fernando Xavier……………31-05-2011

Também tive amigos no Bairro da Ponte! Quando atravessava a ponte, parecia que entrava noutra localidade, era outro mundo diferente daquele onde morava! Ia quase sempre à casa da Maria José Ferreira da Silva (esposa do famoso ceramista) brincar com os filhos dela, o Rui (residente em Lisboa) e o Nini (residente na Suiça), pois os nossos pais eram amigos e foram colegas de trabalho na antiga Secla. Não resisto a contar uma cena que presenciei, embora muito admirada, pois não estava habituada a certos devaneios. Era no verão, a Maria José estava no quintal a grelhar sardinhas para o almoço, nisto entra em casa o famoso artista, pega numa mala de viagem, abre-a, despeja lá para dentro todas as sardinhas assadas, fecha a mala e salta para cima dela diversas vezes parecendo uma cama elástica! Os motivos desconheço, mas foi tão engraçado que ainda hoje quando como sardinhas lembro-me disto!
Beijinhos a todos


Lurdes Peça…………31-05-2011 
 

Não tem nada a ver com a notícia...mas estou a ver e ouvir o nosso companheiro José Nicolau (Nigel) de Peniche a falar-nos da sua actividade industrial...: a transformação do pescado...
Que afinal até é nas suas mãos um êxito... no panorama negro nacional...!!

Bem...não tem a ver com a notícia, mas tem muito a ver com a nossa Escola e os nossos almoços...

Há uns anos atrás, quando o nosso almoço decorreu num salão no Pinhal do concelho de Óbidos...
Durante a tarde (nada com a categoria das tardes na Lareira...), para quem quis...:houve sardinhas assadas e carapaus (para além de outros petiscos...) numa oferta do nosso amigo Zé (e a um preço muito competitivo...: pagou ele as ditas e os ditos, como já adivinharam...!!)...

Mas não quero que digam que não escrevi nada sobre o Bairro Além da Ponte...

Sou do tempo em que à volta do dito...havia uma imagem de ruralidade bem diferente da actual visão já meio cosmopolita...!!

Ahhh...e o Bairro da Ponte "já é do tempo" em que até éramos razoavelmente servidos...pelos Caminhos de Ferro...!!
Vinha de Óbidos...às vezes caminhava paralelamente à via a caminho da nossa Escola e do outro lado...

Lá estavam alguns de vocês...!!

abraço


Maximino…………01-06-2011

Oi amigos da nossa Escola...,

hoje sou eu que também quero dizer algo sobre o bairro da ponte. Sou a Odete Maçãs e sinto-me filha do bairro porque fui viver para lá com 6 meses, a minha irmã Lurdes nasceu já lá. Somos 4 irmãos, o mais velho o Hermínio Maçãs ex-professor de música e português de muitos de nós. Do bairro alem da ponte tenho as melhores recordações, acompanhei toda a evolução dele, lembro-me das ruas por pavimentar, do largo do estragado onde íamos ver os saltimbancos com os burritos, macaquinhos e verdadeiros artistas
...lembro-me de no verão irmos para a rua à noite por o calor ser muito, conviver com os vizinhos sentados nos bancos da cozinha, lembro-me de no largo do chafariz ir à mercearia do Sr. Zé Moreira comprar (grandes) quantidades de alimentos, e lembro-me muito dos Pimpões situado no mesmo largo. Foi lá que a minha irmã Isaura começou o namoro e também a participar nos espectáculos de variedades ensaiados por o nosso querido Sr João Arroja (pai), foi assim que nós as manas Maçãs começamos também a participar nas danças e cantorias. Aprendemos a dançar naquela casa e também os 1ºs amores (platónicos) foram lá vividos, claro que não só esses porque foi também ao ritmo desses bailes que namorei e depois casada participei na angariação de fundos para a actual sede com a animação das verbenas, os meus filhos eram pequenos e dormiam em colchões no chão com outras crianças enquanto os pais colaboravam nas festas populares. O café do Diamantino era o local de encontro das pessoas e foi o 1º local onde se via TV Estava sempre cheio, até as caixas de cerveja serviam de bancos. lembro-me também que se vivia tão calmamente que se jogava à semana na estrada e as portas tinham as chaves nas portas e ninguém era assaltado. Por tudo isto digo que no bairro da ponte se vivia em comunidade e fraternidade, digo ainda que o meu bairro foi e é a minha 1ª casa e essa nunca se esquece. Obrigada Bairro da Ponte por me ajudares a ser a Pessoa que sou com qualidades e defeitos mas grata por a vida lá vivi!!!

bj para tds vós
Odete Maçãs………….02-06-2011

Gostei muito de ler o que escreves-te sobre o nosso Bairro da Ponte.
Bolas o tempo não passa, o tempo voa.
Recordei-me da minha infância e dos meus irmãos (Chico e Rosália Vital).
Vim com meus pais, infelizmente já falecidos,morar para o Bairro com meses de idade, para uma casa que ainda hoje existe, abandonada, o que me deixa muita tristeza ao pé da Escola primária. Muitas dessas casas deram lugar ínfelizmente a prédios.
Recordo-me perfeitamente das ruas por alcatroar.
Brincávamos todos na rua aos jogos tradicionais, mas o preferido era às escondidas. Muitas vezes as brincadeiras prolongavam-se pela noite dentro, era até os nossos pais começarem chamar mais correcto "Gritar" para irmos para casa. Hoje completamente impensável!
Moravam na mesma rua o Cabé, o Zé-Tó, a Mitá, a Geninha, a Aninhas, o Marques, o Carlitos e o César era uma festa.
Ainda me lembro da famosa "BICICLETA" (aquilo sim era uma bicicleta "xpto" para a época)do Cabé. Aprendemos todos a andar nela. Fazia-se fila a aguardar a vez, para dar a volta completa à escola .
Os famosos jogos de futebol que fazes referência no Largo do Estragado, em que o meu irmão que já demonstrava um certo jeito para a bola chegava na maioria das vezes descalço a casa . O delírio da bola era tal que nunca mais se lembrava que tinha deixado os sapatos no local do "crime".
Um drama, era colheita (porrada) pela certa.
Também se jogava futebol de sarjeta a sarjeta da rua com uma bola de trapos pequena.O meu irmão escolhia-me sempre para guarda- redes dele, ou seja a equipa era composta por ele e por mim.
Ele não confiava em mais ninguém. E aí estava eu, colocada com os pés na posição à Charlot para as bolas não entrarem, na sarjeta.
Se a bola entrava,ora aí está acertávamos contas em casa.
Ao domingo também íamos ao Café do Diamantino ver a televisão comer um bolo de arroz e beber uma groselha.
Neste Bairro vivi uma infância feliz, onde havia muito Companheirismo e Amizade.
Ainda hoje visito com frequência os vizinhos da minha infância pelo quais nutro grande carinho.
Obrigado Zé.

Lúcia Vital Vasconcelos ..................02-06-2011


Pois é Lúcia a rapaziada nem lhe passa pela cabeça como a gente se divertia...e que felizes que nós éramos.
...E a bicicleta Azul do Cabé ....era um espectáculo.

Zé Ventura

Pois é Lúcia, não foi preciso ler todo o teu lindo comentário para saber que eras tu a referires as tuas memórias de infância..., as histórias eu conhecia porque aqui em casa o Carlos referiu-as algumas vezes e riamo-nos sempre, tu eras uma Maria Rapaz pequena mas não ficavas atráz ds outros! já viste como agora as nossas crianças não podem brincar assim na rua? estão em casa a ver jogos de violência e depois é o que se vê nas escolas! bjs gostei muito

Odete Maçãs...............03-06-2011

Para mim, que era da área da Feira Velha, entre a antiga Praça do Peixe e a Raínha, vejo o Bairro Alem da Ponte, dividido em três. A principal ou melhor a do centro, começava onde a Rua Sebastião de Lima terminava. Aí havia a ponte e entrava-se então no bairro. Muitas vezes ficava-se por aí a tomar banhos de vapor das maquinas do comboio em manobras, pois dizias-se que fazia bem às constipações. Na parte mais para norte como o Bairro do Estragado já ficava fora de muitos "putos", embora eu corresse tudo com a minha fisga. Na parte mais a sul (estrada da Foz), que ia até, um pouco abaixo do antigo matadouro. Agora as Caldas é mais ou menos uma cidade grande, muito diferente e talvez mais triste por culpa das tele novelas que mantém as pessoas em casa (opinião minha) Saudações

J. Chaves .............04-06-2011

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